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Pesquisa vira solução: Ufac e Sebrae mostram o potencial de inovação na Amazônia

Pesquisa vira solução: Ufac e Sebrae mostram o potencial de inovação na Amazônia

 A parceria de sucesso destaca a integração entre saber acadêmico e empreendedorismo em projetos de bioeconomia e impacto social. O evento Txai Amazônia, realizado nesta sexta-feira (27), reuniu representantes do Sebrae, professores da Universidade Federal do Acre (Ufac), consultores e estudantes para debater uma conexão essencial para o futuro da região. Rosa Nakamura, gestora de inovação do Sebrae no Acre, abriu as discussões destacando a importância da bioeconomia como eixo estratégico. “Quando se fala em bioeconomia, é uma grande referência para nós, porque é exatamente o trabalho que fazemos dentro das universidades, junto aos pesquisadores. Todos os projetos que incentivamos têm base na bioeconomia”, afirmou Nakamura. Essa visão foi complementada por Vander Nicácio, consultor de inovação que atua no Sebrae desde 2021. Ele detalhou como a organização tem atuado para acelerar esse tipo de transformação por meio de programas como o Inova Amazônia. “A ideia é mostrar como o Sebrae consegue acelerar esses negócios, transformando pesquisa em retorno para as pessoas. Muitas vezes, é o resultado de um trabalho de mestrado ou doutorado que vira startup, um negócio inovador, e passa a contribuir de forma real para a Amazônia”, explicou Nicácio. Caminhos unidos Representando a universidade, a professora doutora Almercina Balbino Ferreira, da Ufac, defendeu a necessidade de uma aproximação contínua entre ensino, pesquisa e mercado. “É muito importante a interação entre o Sebrae e a Universidade porque a gente precisa unir forças para levar a nossa pesquisa, os nossos profissionais até o mercado”, afirmou a professora. Para Almecina, essa integração é estratégica para o fortalecimento da economia local de forma justa e sustentável. “Essa articulação entre ensino, pesquisa, extensão e negócios é essencial para unir a bioeconomia à economia local, respeitando a biodiversidade e a cultura de cada povo”, disse a pesquisadora. Nakamura reforçou que o objetivo do painel era demonstrar ao público que o conhecimento técnico e científico gerado no ambiente acadêmico pode e deve se transformar em soluções aplicadas. “Tudo que tiver conhecimento da universidade, nós podemos transformar em negócios de grande impacto”, enfatizou. Fomento para o futuro Vander Nicácio ressaltou ainda que o foco do Inova Amazônia foi, desde o início, trabalhar exclusivamente com startups de bioeconomia. “A ideia é fomentar projetos de pesquisa na área de bioeconomia que possam ir para o mercado e ajudar as pessoas no dia a dia delas”, explicou. Rodolfo Lira, estudante de medicina da Ufac, compartilhou a trajetória da startup que desenvolveu dentro da universidade, voltada para o monitoramento de pacientes crônicos. “O meu surgimento foi através dessa integração entre universidade e ecossistema de inovação. A gente desenvolveu uma startup na área da saúde, focada em monitoramento de pacientes crônicos, e hoje viemos mostrar que é possível transformar pesquisa em produto de impacto social”, contou Lira. Exemplo de sucesso Rodolfo explicou que a plataforma desenvolvida utiliza inteligência artificial e análise de dados para criar planos personalizados de acompanhamento preventivo, especialmente para pessoas com hipertensão e diabetes. “A gente passa a acompanhar o paciente, evitando agravamentos. Se ele já tiver uma doença crônica, conseguimos manter os níveis sob controle e promover mais qualidade de vida. Atuamos com acesso avançado e prevenção. É uma saúde inteligente, uma saúde longitudinal que traz impacto real na vida das pessoas”, detalhou. Ao aproximar universidade, Sebrae e mercado, surgem caminhos para negócios inovadores que valorizam o território, a cultura e o conhecimento local. No penúltimo dia do seminário, novas experiências continuam sendo apresentadas, reafirmando que soluções para o futuro da Amazônia já estão sendo construídas, e muitas delas nasceram dentro da sala de aula. Txai Amazônia Realizado pelo Instituto Sapien – Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação (ICT) dedicada à pesquisa e gestão para o desenvolvimento regional –, em colaboração com o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR), o Governo do Estado do Acre, por meio das Secretarias de Estado de Povos Indígenas (SEPI), Planejamento (SEPLAN), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Acre (FAPAC) e mais de 20 instituições acreanas, o Seminário Internacional Txai Amazônia se apresenta como uma plataforma para a formulação de soluções inovadoras, integrando conhecimento técnico-científico, inovação e sabedoria ancestral. Para conferir tudo que rolou no Txai Amazônia, acesse o site: www.txaiamazonia.com.br. Os debates dos painéis temáticos podem ser acompanhados ou reassistidos pelo canal do Instituto Sapien no YouTube.

No Txai Amazônia, empreendimentos revelam autonomia econômica com respeito à cultura e à floresta 

No Txai Amazônia, empreendimentos revelam autonomia econômica com respeito à cultura e à floresta 

Iniciativas do Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima apresentam renda, inovação e valorização cultural em seus territórios Rio Branco, Acre – Empreendedoras, coletivos e projetos institucionais demonstraram na prática como a bioeconomia toma forma quando o conhecimento tradicional e a floresta se encontram. As apresentações de Cases de Sucesso no Seminário Internacional Txai Amazônia, realizadas nesta sexta-feira, 27 de junho, nas salas temáticas do espaço eAmazônia na Universidade Federal do Acre (Ufac), revelaram experiências concretas que conectam inovação, geração de renda, saberes ancestrais e sustentabilidade. Vera Lúcia, da comunidade indígena Kauwê, em Pacaraima (RR), compartilhou a inspiradora trajetória do Yuprimavera. Seu projeto transforma o cupuaçu em jujubas artesanais que carregam não apenas um sabor único, mas também uma história de resistência. “Eu vendia a polpa a R$10 o quilo, mas não dava para viver. A receita estava esquecida, num panfleto antigo. Eu melhorei, adaptei com o que eu tinha, e hoje ela é nossa”, contou Vera Lúcia. Em outra sala, o destaque foi a Saboaria Rondônia, uma iniciativa liderada por mulheres rurais que produzem cosméticos sustentáveis e veganos a partir de ingredientes amazônicos. A experiência evidencia como o saber tradicional, aliado à inovação e ao empreendedorismo coletivo, pode se transformar em um modelo de negócio com forte apelo ambiental e social. Parcerias e projetos impulsionam a bioeconomia local No segundo bloco da tarde, novas conexões ampliaram os horizontes da bioeconomia amazônica. A parceria entre Universidade, Sebrae e consultorias especializadas demonstrou como a integração entre conhecimento acadêmico e práticas empreendedoras pode impulsionar negócios de impacto positivo na floresta. Encerrando as apresentações, a marca coletiva Gosto da Amazônia emocionou o público com o depoimento de Ana Alice Oliveira, coordenadora da comercialização do pirarucu manejado da ASPROC, no Amazonas. Com seis anos de atuação, a marca articula organizações locais na cadeia produtiva do pirarucu e já colhe resultados significativos. “É um privilégio mostrar que temos resultados mesmo com tantos desafios. A floresta pode ser nosso sustento com dignidade”, afirmou Ana Alice. Sobre o Txai Amazônia O Seminário Internacional Txai Amazônia é uma iniciativa do Instituto Sapien — uma Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação (ICT) focada em pesquisa e gestão para o desenvolvimento regional. O evento conta com a colaboração do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR), do Governo do Estado do Acre (por meio das Secretarias de Estado de Povos Indígenas – SEPI, Planejamento – SEPLAN, e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Acre – FAPAC), além do apoio de mais de 20 instituições acreanas. O seminário se consolidou como uma plataforma para a formulação de soluções inovadoras, integrando conhecimento técnico-científico, inovação e sabedoria ancestral. Para conferir a cobertura completa do Txai Amazônia, visite o site: www.txaiamazonia.com.br. Você também pode acompanhar ou reassistir aos debates dos painéis temáticos pelo canal do Instituto Sapien no YouTube.

Do Acre para o Mundo: SISA fortalece modelo próprio de desenvolvimento da Amazônia no Txai Amazônia

Do Acre para o Mundo: SISA fortalece modelo próprio de desenvolvimento da Amazônia no Txai Amazônia

O painel apresentou como o sistema pioneiro de incentivos ambientais do Acre alia governança, conservação e renda para populações locais Rio Branco, Acre – O Sistema de Incentivos a Serviços Ambientais (SISA), criado há mais de 15 anos pelo estado do Acre, foi o centro do debate “Do Acre para o Mundo: O SISA como Estratégia de Desenvolvimento Jurisdicional” no terceiro dia do Seminário Internacional Txai Amazônia, realizado nesta sexta-feira, 27 de junho, no eAmazônia, localizado na Universidade Federal do Acre (Ufac). Mediados por Eufran Ferreira do Amaral, pesquisador da Embrapa Acre, o painel reuniu lideranças e gestores que acompanham de perto a consolidação do sistema. Segundo Amaral, a discussão foi pautada por três questões cruciais: como o SISA conseguiu integrar as especificidades socioambientais do Acre; quais instrumentos de governança foram adotados; e de que forma a mensuração de indicadores pode garantir o aprimoramento contínuo do modelo. “A ideia é discutir como o sistema, desde sua criação, se sustenta como uma estratégia robusta de desenvolvimento jurisdicional que respeita o território e suas múltiplas realidades”, destacou Eufran Ferreira do Amaral. A iniciativa foi apresentada como uma política pública estruturante capaz de combinar conservação ambiental, geração de renda e articulação entre diferentes setores da sociedade. Alcance Global O SISA tem se consolidado como uma referência internacional ao unir o conhecimento técnico-científico à participação social e comunitária. Durante o painel, Leonardo Carvalho, secretário de Meio Ambiente do Acre, e Marta Azevedo, coordenadora do Programa REM, ressaltaram a importância da remuneração pelos serviços ambientais e da valorização dos modos de vida tradicionais como parte de uma nova economia da floresta. Por sua vez, Jaksilande Araújo, presidente do Instituto de Meio Ambiente do Acre (IMC), defendeu o fortalecimento dos mecanismos de transparência e controle social. Marcelo Shama, da Cooperativa Brasileira de Créditos de Carbono, reforçou que o sistema demonstra ser possível gerar valor a partir da floresta em pé, sem renunciar à justiça climática. Além das discussões institucionais, o terceiro dia do Txai Amazônia também ofereceu oficinas temáticas, apresentações culturais e uma mostra de iniciativas comunitárias. Txai Amazônia Realizado pelo Instituto Sapien – Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação (ICT) dedicada à pesquisa e gestão para o desenvolvimento regional –, em colaboração com o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR), o Governo do Estado do Acre, por meio das Secretarias de Estado de Povos Indígenas (SEPI), Planejamento (SEPLAN), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Acre (FAPAC) e mais de 20 instituições acreanas, o Seminário Internacional Txai Amazônia se apresenta como uma plataforma para a formulação de soluções inovadoras, integrando conhecimento técnico-científico, inovação e sabedoria ancestral. Para conferir tudo que rolou no Txai Amazônia, acesse o site: www.txaiamazonia.com.br. Os debates dos painéis temáticos podem ser acompanhados ou reassistidos pelo canal do Instituto Sapien no YouTube.

“Yawa Tari”: Moda Indígena Ganha Passarela e Preserva os Saberes do Povo Yawanawa

“Yawa Tari”: Moda Indígena Ganha Passarela e Preserva os Saberes do Povo Yawanawa

Com destaque para as tradições, a Mostra Artística Cultural do Seminário Internacional Txai Amazônia contou com um desfile de moda indígena, da coleção “Yawa Tari”, que aborda o conceito, a criação e os significados das vestimentas Yawanawa. O desfile foi promovido no terceiro dia do evento, nesta sexta-feira, 27, no eAmazônia da Universidade Federal do Acre (Ufac). As irmãs Nedina Yawanawa e Eliane Yawanawá são responsáveis pela criação do “Yawa Tari”, que significa “roupa yawa” na língua do povo Yawanawa. As vestimentas são inspiradas nos “kenes yawa”, que são pinturas tradicionais do povo Yawanawa, anteriormente feitas na pele e agora aplicadas em tecidos de algodão. Os “kenes” representam aspectos tradicionais e espirituais, transmitidos oralmente entre as gerações, e simbolizam figuras da floresta como a cabeça da jiboia (Runua mapu), a jiboia (Runua), a ponta da lança (Paspi), a espinha do peixe tambuatá (Vashu shaka) e a borboleta (Awavena). Nedina Yawanawa, além de artesã, é ativista pelos direitos indígenas e pela valorização do protagonismo feminino e destaca que a ideia surgiu em 2018. “Desde pequena, a gente vive e aprende a fazer os desenhos. É uma forma de perpetuar e dialogar com a sociedade. Nós temos essa riqueza de desenhos, que vem através de histórias. Com as peças, nós trazemos história e tradição, porque tudo, para nós, tem significado. Tudo que a gente desenha são seres da floresta, dessa conexão”, conta. Eliane Yawanawa explica que as peças podem ser confeccionadas e pintadas manualmente. “A peça tem um valor muito forte, que é o espiritual. Nós recebemos esses desenhos através da espiritualidade. Então, nós vestimos tradições e culturas”, conta. De acordo com Eliane, as peças podem ser encomendadas pelo Instagram @elianeluizayawanawa ou pelo @yawa.tari. Além do desfile de moda indígena, o público pôde curtir o sunset com a DJ Cau Bartholo, que toca músicas da Amazônia, e com o cantor Ixã, descoberto pelo DJ Alok.

Painel no Txai Amazônia promove encontro entre ciência e ancestralidade para fortalecer comunidades tradicionais

Painel no Txai Amazônia promove encontro entre ciência e ancestralidade para fortalecer comunidades tradicionais

O debate propôs a integração entre universidades para fortalecer a bioeconomia da floresta O sociólogo e pesquisador da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Acre (FAPAC), Davilson Cunha, mediou o painel “Ciência, Tecnologia e Ancestralidade: Unindo Forças para a Bioeconomia”, nesta sexta-feira, 27, no terceiro dia do Seminário Internacional Txai Amazônia. O debate reuniu especialistas para repensar os papéis da academia, da indústria e das comunidades tradicionais na construção de uma bioeconomia. “Essa já é uma descoberta ancestral. A ciência pode somar, desenvolvendo tecnologias a partir do que já se sabe na floresta. A inovação nasce quando a gente une os dois saberes”, destacou o mediador. Para Davilson, a ciência precisa atuar de forma complementar aos saberes ancestrais, como no caso da resina do sapo-kampô, reconhecida há anos por indígenas como um potente anestésico natural. O painel também trouxe contribuições do indigenista Terri Aquino, referência na defesa dos direitos indígenas e na valorização da floresta como espaço de vida e sabedoria. A CEO da 100% Amazônia, Fernanda Stefani, apontou que produtos da sociobiodiversidade amazônica só alcançam escala global quando respeitam sua origem e identidade. Já Mário Augusto Cardoso, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), chamou atenção para os desafios da política industrial e a necessidade de apoiar startups e tecnologias desenvolvidas no próprio território amazônico. Um dos pontos centrais do debate foi a crítica à hierarquização dos saberes dentro das universidades. “Quem está nos centros de pesquisa muitas vezes se vê como o único detentor do conhecimento, enquanto o saber tradicional é subestimado. Precisamos romper esse muro”, afirmou Davilson. O painel “Ciência, Tecnologia e Ancestralidade: Unindo Forças para a Bioeconomia” compôs o eixo ‘Ciência, Pesquisa, Inovação e os Saberes Tradicionais Amazônicos” do Txai Amazônia. Txai Amazônia Realizado pelo Instituto Sapien – Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação (ICT) dedicada à pesquisa e gestão para o desenvolvimento regional –, em colaboração com o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR), o Governo do Estado do Acre, por meio das Secretarias de Estado de Povos Indígenas (SEPI), Planejamento (SEPLAN), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Acre (FAPAC) e mais de 20 instituições acreanas, o Seminário Internacional Txai Amazônia se apresenta como uma plataforma para a formulação de soluções inovadoras, integrando conhecimento técnico-científico, inovação e sabedoria ancestral. Para conferir tudo que rolou no Txai Amazônia, acesse o site: www.txaiamazonia.com.br. Os debates dos painéis temáticos podem ser acompanhados ou reassistidos pelo canal do Instituto Sapien no YouTube. O indigenista Terri Aquino participou do painel (Foto: Agência NEXO)

Emoção, Tradição e Ancestralidade marcam manhã cultural no terceiro dia de Txai Amazônia

Emoção, Tradição e Ancestralidade marcam manhã cultural no terceiro dia de Txai Amazônia

A tradição e a história foram os grandes destaques da programação cultural do Txai Amazônia, na manhã desta sexta-feira, 27. O público foi convidado a assistir ao espetáculo “Tonha”, com Catarina Cândida, e a vivenciar uma experiência com o grupo Saiti Munuti Yawanawa. A atriz Catarina Cândida, que abriu as atividades do palco da Mostra Cultural, aponta que o público se manteve próximo a ela durante a apresentação e ressalta o sentimento de interpretar Tonha. “O Txai está com uma equipe técnica muito profissional e dava para sentir o público muito próximo a mim, o que foi um ponto bastante positivo. Foi a peça que eu terminei mais emocionada. Quando eu estava dando a fala final, eu já estava quase em lágrimas. Tinha um grupo de mulheres de Xapuri, que são muito especiais para mim, que vieram me assistir e foi muito emocionante vê-las, mulheres que viveram no seringal, que são as seringueiras. Ver essas mulheres falando sobre identificação, além de outros jovens que contam que lembram dos seus avós e bisavós, é algo que me encoraja muito para a próxima versão”, disse a atriz. Ray Barros, do Seringal Filipinas, em Xapuri, foi uma das mulheres que auxiliou a artista durante a pesquisa para escrever a peça. “Quando a Catarina foi fazer a pesquisa, eu já era como uma indicadora, porque eu conhecia a história. Eu trouxe duas pessoas que fizeram a pesquisa com ela, que são a dona Dadá e a dona Romeu, e a gente pegou algumas peças e montou o cenário”, explica. A professora Ray, filha de seringueiro, conta, ainda, que a apresentação da peça é muito importante, porque essa cultura está sumindo. “Tem pessoas que já não sabem mais o que é paneiro e não conhecem a cultura da cura da mata. O que eu quero dizer é que, se não tiver cuidado, nós estamos indo embora”, afirma. A professora relembra também o processo da pesquisa: “a nostalgia, a dor e as lembranças são fortes. A gente lembra daquela ilusão porque, na verdade, o pessoal do Nordeste foi enganado e já chegava aqui com uma dívida monstruosa e nenhum deles voltou para sua terra”, diz. Além do espetáculo “Tonha”, o público também participou de uma vivência com o povo Yawanawa, com música e dança. O público, animado, dançou de mãos dadas e acompanhou o grupo durante a apresentação. Na tarde desta sexta-feira, 27, o público é convidado a prestigiar o desfile de moda indígena da coleção “Yawa Tari” e o show de Ixã, cantor descoberto pelo DJ Alok.

Uso sábio da terra: a estratégia amazônica contra a crise climática em debate no Txai Amazônia

Uso sábio da terra: a estratégia amazônica contra a crise climática em debate no Txai Amazônia

Líderes Indígenas e Especialistas Propõem Soluções Integradas para a Gestão Territorial e o Enfrentamento dos Desafios Climáticos Rio Branco, Acre – A gestão territorial da Amazônia e o combate à crise climática foram o epicentro de um debate crucial nesta sexta-feira, 27 de junho de 2025, no Seminário Internacional Txai Amazônia. O painel “Uso da Terra com Sabedoria como Base para a Gestão Territorial de Terras Protegidas e Mitigação às Mudanças Climáticas” reuniu vozes de diferentes saberes para discutir como assegurar que o manejo da terra pelas comunidades tradicionais da Amazônia ocorra de forma equilibrada e estratégica. O Brasil, com sua vasta extensão territorial, riqueza natural e diversidade cultural, é uma potência global em biodiversidade e produção agrícola, respondendo por cerca de 30% da soja e 15% da carne bovina do mundo até 2013. No entanto, esse crescimento acelerado trouxe consigo consequências irreversíveis para ecossistemas e paisagens, exacerbando desafios como a desigualdade social, a pobreza e os conflitos ambientais. As mudanças climáticas, que já causam perturbações generalizadas com o aquecimento global de 1,1°C, representam o maior desafio da humanidade na atualidade. A intensificação de eventos climáticos extremos – secas prolongadas, chuvas volumosas e aumento das temperaturas – afeta diretamente a produção de alimentos e matérias-primas, expondo comunidades vulneráveis e limitando sua capacidade de adaptação. Diante desse cenário, a gestão territorial emerge como uma ferramenta estratégica e multiescalar, capaz de impulsionar a resiliência e o desenvolvimento sustentável. Um Painel Multifacetado em Busca de Soluções Sob a mediação de Eufran Ferreira do Amaral, renomado pesquisador da Embrapa Acre com vasta experiência em Agronomia, Solos e Meio Ambiente – e ex-Secretário de Meio Ambiente do Acre e Chefe Geral da Embrapa Acre –, o debate aprofundou-se em políticas públicas, mecanismos de governança e a vital cooperação entre diversos setores sociais. Amaral ressaltou a importância de pensar a gestão territorial como uma construção coletiva: “Como é que a gente pode pensar em uma cooperação entre governo, setor privado, organizações não governamentais e comunidades locais para fortalecer a gestão territorial, garantindo que, de fato, tenhamos ações eficazes de adaptação e mitigação das mudanças climáticas?”. Ele enfatizou a necessidade de políticas e mecanismos que garantam o uso sábio da terra, equilibrando a conservação e o desenvolvimento socioeconômico. Vozes que edificam o debate O painel contou com a participação de especialistas de peso, que trouxeram perspectivas complementares para o diálogo: Dr. Jefferson Fernandes do Nascimento: Coordenador-Geral de Etnodesenvolvimento da FUNAI e ex-Reitor da Universidade Federal de Roraima (UFRR) – o primeiro reitor indígena da instituição. Com sua experiência em Agronomia e Fitopatologia, Dr. Jefferson destacou o papel fundamental das políticas públicas na preservação ambiental. Daniel Iberê: Indígena do povo M’byá Guarani e Doutor em Antropologia Social pela UnB, Daniel reforçou a importância inestimável de respeitar e integrar os saberes ancestrais dos povos originários. Sua atuação como Coordenador de Projetos na Conservation International (CI-Brasil) e conselheiro estadual de Cultura pelo ConCultura evidencia seu compromisso com a valorização da diversidade cultural e a defesa dos direitos indígenas. Dr. Valdinar Ferreira Melo: Professor Titular da Universidade Federal de Roraima e pesquisador do CNPq, Dr. Valdinar, agraciado com o Prêmio Jabuti por coautoria em “Agricultura Conservacionista no Brasil”, apresentou dados e experiências sobre a conservação e manejo adequado do solo em territórios de floresta e savana. Julie Messias e Silva: Diretora Executiva da Aliança Brasil de Soluções Baseadas na Natureza (NBS) e ex-Secretária da Biodiversidade do MMA. Com sua expertise em políticas públicas ambientais e governança climática, Julie enfatizou que a efetividade da bioeconomia e dos mecanismos climáticos depende intrinsecamente da valorização dos modos de vida locais. O papel transformador dos saberes e da cooperação A imensa diversidade cultural amazônica, indissociável de sua riqueza biológica, foi um ponto central. O debate reiterou que os territórios indígenas não devem ser vistos apenas como estoques de carbono, mas como espaços onde projetos de futuro se desenvolvem, e onde os saberes milenares de povos e populações tradicionais oferecem um conhecimento prático e profundo para a manutenção de um modo de vida específico, orientado para a conservação. Para estruturar uma nova economia e fomentar investimentos sustentáveis, o painel sublinhou a necessidade de estratégias que reduzam o desmatamento, ao mesmo tempo em que aumentam a produção de alimentos e insumos de forma sustentável, promovendo o bem-estar social. Isso implica apostar em inovação, ciência, tecnologia, geração de informação e cooperação, especialmente em modelos sustentáveis de produção florestal e agropecuária. A proposta é desenhar e implementar ações que aumentem o grau de governança e gestão de políticas públicas, controle ambiental e instrumentos econômico-financeiros que acelerem a sustentabilidade dos territórios. Desenvolver um sistema de inteligência territorial integrado, com métricas e parâmetros que permitam aos tomadores de decisão identificar riscos e oportunidades para os diversos usos do solo, é fundamental para atrair investimentos e impulsionar o desempenho econômico e a produtividade, fatores-chave na transformação e desenvolvimento do território. A programação do Txai Amazônia segue no sábado a tarde, a partir das 12 horas, com cinema, mostra artística cultural e gastronômica, além debates qualificados sobre bioeconomia e sociodiversidade.

Ministro Carlos Parkinson aborda potencial internacional do Acre para a bioeconomia

Ministro Carlos Parkinson aborda potencial internacional do Acre para a bioeconomia

O painel reuniu especialistas e autoridades para discutir como a cooperação regional e os investimentos em infraestrutura podem impulsionar os mercados sustentáveis na Amazônia O ministro de carreira diplomática do Ministério Relações Exteriores e coordenador nacional dos Corredores Rodoviários do Ministério das Relações Exteriores, João Carlos Parkinson de Castro, subiu ao palco do Txai Amazônia, nesta sexta-feira, 27, para falar sobre os avanços dos corredores ferroviários entre o Acre e outros países. Ele reforçou a entrega do Corredor Rodoviário Bioceânico até o final de 2026, com a conclusão da ponte de 1.600 metros e da pavimentação do trecho conhecido como Chancay. “Essa é uma oportunidade concreta para que o Acre se conecte com o Pacífico por uma rota pensada para atender às necessidades do setor produtivo e da sociedade local”, disse Parkinson. Conexões Internacionais Parkinson também reforçou que essa infraestrutura deve estar ancorada em um modelo de governança sólido, com múltiplos atores e níveis de participação. “Sem governança, os esforços se diluem. Precisamos de uma instância que envolva governos, setor privado, academia e comunidades locais”, defendeu. Mediado por Marky Brito, diretor de Desenvolvimento Regional da Secretaria de Estado de Planejamento do Acre, o debate destacou a importância de construir um modelo de integração que fortaleça o comércio e a mobilidade na região, mas que também respeite as especificidades ambientais e sociais da Amazônia. “O Brasil não pode pensar sozinho seu plano de bioeconomia. A fronteira amazônica não termina em nosso território. Precisamos de instrumentos eficazes de colaboração internacional para que o desenvolvimento seja, de fato, pan-amazônico”, observou Marky Brito. O painel também discutiu os impactos da presença da China na infraestrutura da região, com destaque para dois projetos estratégicos: o megaporto de Shangai, já em operação, e a proposta da ferrovia Brasil–Peru, que voltou à pauta entre os governos chinês e brasileiro. “O comércio transcontinental e o escoamento para o Pacífico e a Ásia têm potencial para impulsionar a bioeconomia da Amazônia, mas é preciso atenção aos riscos socioambientais e à soberania local. Vivemos isso no Acre todos os dias”, disse Brito. Esforço Coletivo Outro ponto abordado foi a necessidade de repensar as rotas comerciais diante das mudanças climáticas e instabilidades geopolíticas, como as recentes restrições no Canal do Panamá. “O acesso a mercados globais depende de rotas adaptadas à realidade da floresta. Não se trata apenas de exportar, mas de garantir que a bioeconomia chegue com valor aos destinos certos”, reforçou o Marky. O ministro Carlos Pakinson apresentou ainda a proposta de criação de uma secretaria técnica e de um comitê consultivo privado para garantir que as decisões sobre infraestrutura dialoguem com as realidades ambientais e produtivas da região. “Não vejo esse corredor como uma simples via para escoar grãos. O Acre tem uma sensibilidade ambiental e produtiva que exige planejamento específico para os produtos da sociobiodiversidade”, afirmou. Outros Pontos de Vista Complementando a discussão, a pesquisadora Marta Cerqueira Melo destacou que os investimentos na Pan-Amazônia precisam ser guiados por uma lógica própria da região. Já o secretário estadual de Planejamento, Ricardo Brandão, reforçou o papel do Acre como articulador de soluções logísticas sustentáveis na fronteira com o Peru e a Bolívia. Txai Amazônia Realizado pelo Instituto Sapien – Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação (ICT) dedicada à pesquisa e gestão para o desenvolvimento regional –, em colaboração com o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR), o Governo do Estado do Acre, por meio das Secretarias de Estado de Povos Indígenas (SEPI), Planejamento (SEPLAN), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Acre (FAPAC) e mais de 20 instituições acreanas, o Seminário Internacional Txai Amazônia se apresenta como uma plataforma para a formulação de soluções inovadoras, integrando conhecimento técnico-científico, inovação e sabedoria ancestral. A programação do Txai Amazônia continua no sábado, 28, à tarde. Para conferir, acesse o site: www.txaiamazonia.com.br. Os debates dos painéis temáticos podem acompanhados ou reassistidos pelo canal do Instituto Sapien youtube.com/@InstitutoSapien.

Saberes da Floresta e Soluções Sustentáveis ganham destaque nos casos de sucesso do Txai Amazônia

Saberes da Floresta e Soluções Sustentáveis ganham destaque nos casos de sucesso do Txai Amazônia

Artesanato, Energia Limpa, Bioconstrução e Protagonismo Internacional Marcaram a Tarde do Segundo Dia do Seminário O Seminário Internacional Txai Amazônia reuniu, nesta quinta-feira, 26, histórias inspiradoras de quem transforma a floresta em fonte de renda, cultura e inovação. A programação da tarde de cases de sucesso começou às 14h com dois projetos: a Associação Dianopolina de Artesãos, do Tocantins, e a empresa acreana Manutata, referência no beneficiamento da castanha-da-Amazônia. Representando a associação de mulheres de Dianópolis, Eliene emocionou o público ao compartilhar a trajetória de luta e valorização do artesanato em capim dourado. A iniciativa, que fortalece a autonomia feminina e a preservação do cerrado, chamou atenção pela beleza e originalidade das peças expostas. “A importância de participar do seminário está no reconhecimento de toda a nossa trajetória com a associação, na troca com outros artesãos e na divulgação do nosso artesanato”, afirmou com orgulho. Casos de Sucesso Na sequência, a Manutata apresentou sua experiência como indústria amazônica de impacto socioambiental, conectando comunidades extrativistas a mercados nacionais e internacionais. Com foco na castanha-da-Amazônia, a empresa aposta em tecnologia e valorização da floresta em pé como modelo de negócio sustentável e replicável em outros territórios amazônicos. Já às 16h, foi a vez da Bambuzini Escola de Bioconstrução e do projeto Carvão de Açaí encantarem o público com soluções que transformam resíduos e recursos abundantes da floresta em oportunidades econômicas e ambientais. A jovem empreendedora que apresentou a Bambuzini destacou a receptividade do público e o potencial do bambu. “Gostei muito da interação e de ver como ficaram maravilhados com o potencial do bambu, porque é um material renovável, abundante e com inúmeros usos, desde a construção até o mobiliário. Espero que mais pessoas conheçam e se apaixonem, assim como eu”, relatou com entusiasmo. Conexão da Tríplice Fronteira Encerrando o bloco de apresentações, o seminário abriu espaço para o diálogo internacional, com representantes da Bolívia e do Peru compartilhando experiências territoriais de enfrentamento à crise climática e fortalecimento da economia da floresta. A participação da Autoridad Plurinacional de la Madre Tierra (Bolívia) e da Asociación Interétnica de Desarrollo de la Selva Peruana trouxe reflexões sobre justiça climática, participação das mulheres e redes de cooperação entre povos indígenas e comunidades locais. “A Bolívia vem fortalecendo as cadeias produtivas dos recursos florestais não madeireiros, como a castanha, o açaí e o majo, que geram renda para milhares de famílias indígenas e camponesas. Nosso objetivo é agregar valor a esses produtos e melhorar a qualidade de vida nas comunidades”, destacou a representante da Autoridad Plurinacional de la Madre Tierra. A representante peruana reforçou a importância de manter os saberes vivos e de unir esforços: “Quando queremos ajudar, nenhum recurso é suficiente sozinho. Por isso, nos juntamos para compartilhar e fortalecer nossos caminhos”, disse. Além dos casos de sucesso, o dia também contou com exposições de produtos da sociobiodiversidade, painéis temáticos e apresentações culturais, conectando tradição, inovação e futuro na Amazônia viva que queremos construir.

FestCine Originários exibe produções sobre vivência na floresta em programação do Txai Amazônia

FestCine Originários exibe produções sobre vivência na floresta em programação do Txai Amazônia

O Txai Amazônia é um seminário internacional de bioeconomia e sociobiodiversidade que tem como objetivo discutir o desenvolvimento econômico por meio de políticas públicas. Como parte da programação, o FestCine Originários promove a exibição de produções audiovisuais feitas no Acre. Nesta quinta-feira, 26 de junho, seis produções acreanas foram exibidas a partir das 12h, no auditório do eAmazônia, onde acontece o Txai Amazônia. Os filmes relatam a vivência na floresta, com maior destaque para os indígenas. O FestCine Originários exibe produções durante todos os dias de programação do Txai Amazônia, que se estende até este sábado, 28 de junho. A inscrição para o evento é gratuita para todos os públicos.

A Mostra Cultural TXAI AMAZÔNIA, realizada durante os dias do seminário, é um evento vibrante que celebra a diversidade cultural da Amazônia. Com apresentações artísticas, oficinas e exposições, este espaço é dedicado à valorização e preservação das manifestações culturais dos povos amazônicos.

A Amazônia é uma das regiões mais biodiversas e culturalmente ricas do planeta. Este vasto ecossistema desempenha um papel crucial na regulação climática global e na manutenção da biodiversidade. Nosso objetivo é promover o desenvolvimento sustentável, respeitando e valorizando as tradições e o conhecimento dos povos que habitam esta região.

A bioeconomia e a sociobiodiversidade são pilares fundamentais para um desenvolvimento sustentável na Amazônia. Este conceito evolui para incluir não apenas o uso sustentável dos recursos naturais, mas também a valorização das culturas tradicionais e do conhecimento ancestral dos povos da floresta.

O Acre foi escolhido para sediar a 1ª edição do Seminário TXAI devido ao seu compromisso com a conservação ambiental e o desenvolvimento sustentável. Este Estado, rico em biodiversidade e cultura, oferece o cenário perfeito para debatermos e construirmos juntos um futuro sustentável para a Amazônia.