Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge promove encontros anuais com indígenas de diversos povos
“É um encontro entre diferentes culturas. É uma tradição.” É assim que Juliano Basso, da Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge, da Vila de São Jorge — povoado a 35 km de Alto Paraíso (GO), na entrada do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros —, define os eventos realizados na comunidade. A quilômetros de distância de sua comunidade, Juliano participou do Seminário Internacional de Bioeconomia e Sociobiodiversidade Txai Amazônia, em Rio Branco, capital do Acre, entre os dias 25 e 28 de junho.
O seminário se consolidou como uma plataforma voltada à formulação de soluções inovadoras, integrando conhecimento técnico-científico, inovação e sabedoria ancestral. Durante o evento, Juliano compartilha as experiências desenvolvidas pela Casa de Cultura.
“Há muitos anos promovemos encontros entre diferentes culturas. Por estarmos em uma região central do Brasil, esses encontros se tornaram uma tradição anual. Em 2025, completamos 25 anos do Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros”, afirma.
De acordo com Juliano, a primeira parte do evento é a Aldeia Multiétnica, que reúne vários povos indígenas que trazem soluções e vivências, tanto entre si quanto com os não indígenas.
“O evento promove a sensibilização e o conhecimento para as diferentes etnias, uns com os outros, nesta interação, mas também com os não indígenas, para que possam reconhecer os povos e saber um pouco mais, devido também à falta de informação que temos durante os processos educacionais no Brasil”, destaca.
Conexão com os povos do Acre
No Acre, os povos indígenas também promovem festivais nas aldeias. Segundo Juliano, o Acre é um estado com uma população indígena grande, que se destaca pelo empreendedorismo, atividades e cultura no fortalecimento de territórios e de preservação.
“Essa ligação é muito forte nesse sentido da participação deles nos eventos, trazendo conhecimento acumulado aqui e trocando com os outros parentes e com as outras pessoas. Todo ano, no mês de julho, promovemos o intercâmbio”, explica.
Juliano destaca, ainda, que o diálogo entre biomas – amazônico e cerrado – é importante. “As coisas são todas interligadas, uma depende da outra, então aproximar os dois biomas é muito importante. A ideia é que possamos estreitar laços cada vez mais, principalmente com as associações de base comunitária, desenvolvendo tecnologias sociais e ambientais que esses povos já têm, mas também aproximando e entendendo esses diferentes biomas e os povos tradicionais que habitam neles, além das formas como eles utilizam os recursos naturais sustentavelmente. Essa conexão é muito importante para o futuro”, ressalta.
Parceria
O coordenador da Aldeia Multiétnica ressalta que parcerias são fundamentais para a execução de projetos, como o Instituto Sapien, que se conecta ao Txai Amazônia. “A ideia é que possamos trabalhar sempre em parceria com o Instituto, que está abrindo trabalhos de diálogos muito importantes, e que possamos, nos próximos anos, fortalecer esse diálogo”, afirma.
Questionado sobre a importância do seminário internacional realizado no Acre, Juliano aponta que ele acontece em um momento histórico de “extrema força e originalidade”. “Quando nos encontramos e criamos novas ideias, através do compartilhamento de conhecimentos, as pessoas se encontram empaticamente com outras afins que podem, com certeza, desenvolver novos trabalhos. Trazer financiadores e quem tem os projetos e criar um diálogo entre os diferentes atores da sociedade, com o poder público promovendo um arranjo produtivo, é trazer resultados que vão se acumulando e crescendo com o tempo, fortalecendo a ideia de ancestralidade.”