Diretora de Mudanças Climáticas e Climate Finance da África aborda novos instrumentos financeiros para a economia verde e a floresta em pé.
Rio Branco, Acre – A importância de impulsionar a bioeconomia na Amazônia por meio de financiamentos e investimentos foi o tema central do painel “Financiamentos da Bioeconomia”, realizado nesta quarta-feira (25) no Seminário Internacional Txai Amazônia.
A especialista Alessandra Peres, diretora de Mudanças do Clima e Climate Finance para América Latina, Amazônia e África, mediou a discussão, que contou com a participação de renomados painelistas e destacou a urgência de fortalecer a economia verde na região.
Com 27 anos de experiência em projetos de desenvolvimento sustentável na América Latina, Amazônia e África, Alessandra Peres enfatizou a necessidade de ampliar o acesso a financiamentos, investir em infraestrutura e promover a inclusão digital e produtiva das comunidades amazônicas.
“O que fazer e como fazer, a gente já tem. O que falta é o financiamento”, afirmou, resumindo o principal desafio. A discussão no painel reforçou que, embora o conhecimento e as iniciativas existam, a carência de recursos financeiros adequados impede o pleno desenvolvimento.
Desafios e oportunidades de financiamento
O painel trouxe uma análise aprofundada dos “Instrumentos Financeiros para Bioeconomia e Serviços Ambientais: Oportunidade Pública e Internacional”. A ementa da discussão sublinhou a necessidade de identificar e otimizar as estruturas de apoio financeiro e de investimentos públicos para a bioeconomia amazônica. O objetivo é alavancar ações que estruturem cadeias produtivas, arranjos produtivos locais e negócios essenciais para uma transição econômica sustentável.
Atualmente, existem diversas fontes de recursos, incluindo fundos constitucionais e bancos públicos como BNDES, Banco da Amazônia, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. Instituições como a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM) e a SUFRAMA também gerenciam volumes significativos de investimentos. No entanto, a falta de coordenação entre esses investimentos é um obstáculo significativo, dificultando o acesso e a aplicação efetiva dos recursos. O debate ressaltou a importância de atores-chave atuarem na organização desses fundos e na criação de estratégias claras para sua aplicação.
Além disso, foi destacado que muitos produtores e comunidades locais enfrentam barreiras como a falta de conhecimento técnico e apoio na elaboração de propostas. A capacitação e o suporte técnico são cruciais para que os recursos cheguem a quem realmente precisa e saiba como utilizá-los de forma eficaz.
Cooperação internacional e o papel dos parceiros
O painel também abordou o papel vital da cooperação internacional e dos bancos multilaterais no apoio à bioeconomia. Instituições como o Banco Mundial possuem linhas de apoio que podem beneficiar tanto o setor público quanto a iniciativa privada, exigindo uma articulação mais efetiva entre esses atores e os governos locais.
Os painelistas incluíram Octavio Carrasquilla, da Direção de Assistência Técnica em Biodiversidade e Mudança Climática; Juliana Salles Almeida, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e Deyse Gomes de Oliveira, do Banco do Brasil. A discussão explorou tópicos como o panorama dos instrumentos financeiros disponíveis, a coordenação dos fundos, os critérios de acesso, a capacitação técnica, a adequação dos critérios à realidade amazônica e as oportunidades para os setores público e privado.
Alessandra Peres reforçou o convite para a COP30, destacando a importância de continuar o diálogo sobre financiamento da Amazônia em fóruns globais.
O Seminário Internacional Txai Amazônia segue com sua programação até sábado (28), promovendo conexões e debates essenciais entre tradição, inovação e políticas públicas para garantir a floresta em pé.