O painel valoriza o papel de comunidades tradicionais como guardiãs da sociobiodiversidade e do desenvolvimento sustentável
Rio Branco, Acre – Encerrando as discussões da tarde do terceiro dia do Seminário Internacional Txai Amazônia, realizado na Universidade Federal do Acre (Ufac) nesta sexta-feira, 27 de junho, o painel “Comunidades Tradicionais e a Sua Diversidade Cultural: Saberes, Fazeres e a Bioeconomia” reforçou o protagonismo dos povos da floresta na construção de soluções sustentáveis.
A mediação foi conduzida por Nedina Yawanawa, da Secretaria Extraordinária dos Povos Indígenas (SEPI), que abriu o encontro destacando o papel dos saberes e fazeres tradicionais como base para qualquer modelo de desenvolvimento que busque, de fato, respeitar a Amazônia.
“Eles fundamentam esse desenvolvimento sustentável. São pilares que precisamos reconhecer não só com palavras, mas com políticas públicas e instrumentos de valorização e proteção cultural”, afirmou Nedina.
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O painel contou com a participação de Paka Yawanawa, músico e liderança do povo Yawanawa, que compartilhou a experiência de sua comunidade na preservação dos territórios diante dos desafios contemporâneos. Roselice Rodrigues da Silva, quebradeira de coco e referência nacional no Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu, reforçou como o extrativismo e o cooperativismo das mulheres têm gerado renda. Já Terezinha Aparecida Borges, pesquisadora da Embrapa, destacou o papel da etnociência e da conservação dos recursos genéticos como parte essencial da segurança alimentar dos povos tradicionais.
A partir do diálogo entre os convidados, o painel evidenciou que a bioeconomia amazônica só se sustenta com o reconhecimento dos territórios, a proteção dos saberes ancestrais e a criação de caminhos que gerem renda com base na cultura, na floresta e na coletividade. Práticas como o turismo de base comunitária, o artesanato, os produtos da sociobiodiversidade e os serviços ambientais foram citados como estratégias concretas de inclusão e sustentabilidade.
O seminário continua no terceiro dia com novos debates sobre políticas públicas e instrumentos de financiamento climático. O encerramento do evento acontece no quarto e último dia, 28 de junho, com uma programação marcada por trocas de experiências, cultura viva e a reafirmação da Amazônia como território de soluções.
Txai Amazônia
Realizado pelo Instituto Sapien – Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação (ICT) dedicada à pesquisa e gestão para o desenvolvimento regional –, em colaboração com o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR), o Governo do Estado do Acre, por meio das Secretarias de Estado de Povos Indígenas (SEPI), Planejamento (SEPLAN), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Acre (FAPAC) e mais de 20 instituições acreanas, o Seminário Internacional Txai Amazônia se apresenta como uma plataforma para a formulação de soluções inovadoras, integrando conhecimento técnico-científico, inovação e sabedoria ancestral.
Para conferir tudo que rolou no Txai Amazônia, acesse o site: www.txaiamazonia.com.br. Os debates dos painéis temáticos podem ser acompanhados ou reassistidos pelo canal do Instituto Sapien no YouTube.