Painel destaca experiências de liderança feminina em comunidades indígenas e espaços de decisão pública
Com olhares atentos, o painel “O Gênero e a Preservação do Meio Ambiente: O Papel das Mulheres da Amazônia no Desenvolvimento da Bioeconomia” abriu espaço para reconhecer e valorizar o protagonismo feminino na sustentabilidade da floresta, nesta quinta-feira (26), no Txai Amazônia.
Mediado pela professora Andrea Alechandre, da Universidade Federal do Acre (UFAC), o debate reuniu lideranças indígenas, extrativistas e representantes de instituições públicas para refletir sobre a força das mulheres na agricultura familiar.
“A liderança feminina em cooperativas, associações, iniciativas sustentáveis e na política pública precisa ser visibilizada como motor real da bioeconomia na Amazônia”, afirmou Andrea, ao iniciar o painel.
Doutoranda em Produção Vegetal, com mais de 30 anos de atuação junto a comunidades tradicionais, a mediadora conduziu o debate destacando dados que reforçam a presença ativa das mulheres nos sistemas produtivos da floresta: segundo o IBGE, quase 20% dos estabelecimentos agropecuários da região Norte são chefiados por mulheres, especialmente na agricultura familiar.
Vozes Femininas
Com vozes e trajetórias diversas, as painelistas Xiu Shanenawa, Leide Aquino, Márdhia El-Shawwa Pereira e Júlia Yawanawá compartilharam experiências de luta, organização e transformação dos territórios a partir da atuação feminina.
Xiu, liderança do povo Shanenawa, destacou a multiplicidade de frentes em que as mulheres indígenas atuam: da saúde ao empreendedorismo, da articulação política à valorização cultural. Já Leide, moradora da Reserva Extrativista Chico Mendes, reforçou o papel da mulher extrativista na defesa dos modos de vida tradicionais e na construção de cadeias produtivas sustentáveis.
Durante a conversa, foram citados ainda projetos como o da Terra Indígena do Xingu, no Mato Grosso, onde mais de 200 mulheres indígenas atuam na comercialização de sementes nativas.
O painel integra a programação do segundo dia do Seminário Internacional Txai Amazônia, que segue com exposições culturais, rodas de conversa, oficinas e mostra de experiências bem-sucedidas da sociobiodiversidade.