Ministro Carlos Parkinson aborda potencial internacional do Acre para a bioeconomia

O painel reuniu especialistas e autoridades para discutir como a cooperação regional e os investimentos em infraestrutura podem impulsionar os mercados sustentáveis na Amazônia

O ministro de carreira diplomática do Ministério Relações Exteriores e coordenador nacional dos Corredores Rodoviários do Ministério das Relações Exteriores, João Carlos Parkinson de Castro, subiu ao palco do Txai Amazônia, nesta sexta-feira, 27, para falar sobre os avanços dos corredores ferroviários entre o Acre e outros países.

Ele reforçou a entrega do Corredor Rodoviário Bioceânico até o final de 2026, com a conclusão da ponte de 1.600 metros e da pavimentação do trecho conhecido como Chancay.

“Essa é uma oportunidade concreta para que o Acre se conecte com o Pacífico por uma rota pensada para atender às necessidades do setor produtivo e da sociedade local”, disse Parkinson.

Conexões Internacionais

Parkinson também reforçou que essa infraestrutura deve estar ancorada em um modelo de governança sólido, com múltiplos atores e níveis de participação.

“Sem governança, os esforços se diluem. Precisamos de uma instância que envolva governos, setor privado, academia e comunidades locais”, defendeu.

Mediado por Marky Brito, diretor de Desenvolvimento Regional da Secretaria de Estado de Planejamento do Acre, o debate destacou a importância de construir um modelo de integração que fortaleça o comércio e a mobilidade na região, mas que também respeite as especificidades ambientais e sociais da Amazônia.

“O Brasil não pode pensar sozinho seu plano de bioeconomia. A fronteira amazônica não termina em nosso território. Precisamos de instrumentos eficazes de colaboração internacional para que o desenvolvimento seja, de fato, pan-amazônico”, observou Marky Brito.

O painel também discutiu os impactos da presença da China na infraestrutura da região, com destaque para dois projetos estratégicos: o megaporto de Shangai, já em operação, e a proposta da ferrovia Brasil–Peru, que voltou à pauta entre os governos chinês e brasileiro.

“O comércio transcontinental e o escoamento para o Pacífico e a Ásia têm potencial para impulsionar a bioeconomia da Amazônia, mas é preciso atenção aos riscos socioambientais e à soberania local. Vivemos isso no Acre todos os dias”, disse Brito.

Esforço Coletivo

Outro ponto abordado foi a necessidade de repensar as rotas comerciais diante das mudanças climáticas e instabilidades geopolíticas, como as recentes restrições no Canal do Panamá.

“O acesso a mercados globais depende de rotas adaptadas à realidade da floresta. Não se trata apenas de exportar, mas de garantir que a bioeconomia chegue com valor aos destinos certos”, reforçou o Marky.

O ministro Carlos Pakinson apresentou ainda a proposta de criação de uma secretaria técnica e de um comitê consultivo privado para garantir que as decisões sobre infraestrutura dialoguem com as realidades ambientais e produtivas da região.

“Não vejo esse corredor como uma simples via para escoar grãos. O Acre tem uma sensibilidade ambiental e produtiva que exige planejamento específico para os produtos da sociobiodiversidade”, afirmou.

Outros Pontos de Vista

Complementando a discussão, a pesquisadora Marta Cerqueira Melo destacou que os investimentos na Pan-Amazônia precisam ser guiados por uma lógica própria da região.

Já o secretário estadual de Planejamento, Ricardo Brandão, reforçou o papel do Acre como articulador de soluções logísticas sustentáveis na fronteira com o Peru e a Bolívia.

Txai Amazônia

Realizado pelo Instituto Sapien – Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação (ICT) dedicada à pesquisa e gestão para o desenvolvimento regional –, em colaboração com o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR), o Governo do Estado do Acre, por meio das Secretarias de Estado de Povos Indígenas (SEPI), Planejamento (SEPLAN), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Acre (FAPAC) e mais de 20 instituições acreanas, o Seminário Internacional Txai Amazônia se apresenta como uma plataforma para a formulação de soluções inovadoras, integrando conhecimento técnico-científico, inovação e sabedoria ancestral.

A programação do Txai Amazônia continua no sábado, 28, à tarde. Para conferir, acesse o site: www.txaiamazonia.com.br. Os debates dos painéis temáticos podem acompanhados ou reassistidos pelo canal do Instituto Sapien youtube.com/@InstitutoSapien.

A Mostra Cultural TXAI AMAZÔNIA, realizada durante os dias do seminário, é um evento vibrante que celebra a diversidade cultural da Amazônia. Com apresentações artísticas, oficinas e exposições, este espaço é dedicado à valorização e preservação das manifestações culturais dos povos amazônicos.

A Amazônia é uma das regiões mais biodiversas e culturalmente ricas do planeta. Este vasto ecossistema desempenha um papel crucial na regulação climática global e na manutenção da biodiversidade. Nosso objetivo é promover o desenvolvimento sustentável, respeitando e valorizando as tradições e o conhecimento dos povos que habitam esta região.

A bioeconomia e a sociobiodiversidade são pilares fundamentais para um desenvolvimento sustentável na Amazônia. Este conceito evolui para incluir não apenas o uso sustentável dos recursos naturais, mas também a valorização das culturas tradicionais e do conhecimento ancestral dos povos da floresta.

O Acre foi escolhido para sediar a 1ª edição do Seminário TXAI devido ao seu compromisso com a conservação ambiental e o desenvolvimento sustentável. Este Estado, rico em biodiversidade e cultura, oferece o cenário perfeito para debatermos e construirmos juntos um futuro sustentável para a Amazônia.