Painel mediado por Terezinha Aparecida Borges Dias aborda a importância dos povos indígenas na conversa econômica
O segundo dia (26/06) do Seminário Internacional Txai Amazônia abriu espaço para diálogos profundos sobre os limites da ciência e a potência dos saberes tradicionais. A conversa propõe refletir sobre como o conhecimento técnico-científico e os saberes tradicionais podem caminhar juntos na formação de novas gerações e estratégias produtivas na região.
Quem abriu a programação da manhã foi o painel “Integração de saberes: ciência, tradição e qualificação para a bioeconomia amazônica”, mediado pela pesquisadora da Embrapa, Terezinha Aparecida Borges Dias. Ela, que tem mais de três décadas de atuação em territórios indígenas dentro da Embrapa, compartilhou:
“Esse painel traz o contexto da ética na relação interétnica. É extremamente importante refletir sobre isso, especialmente para garantir o protagonismo dos povos indígenas sobre seus próprios conhecimentos e os produtos gerados a partir deles”, afirmou.
Ética na troca de saberes
No painel também estavam presentes Ana Luiza Arraes de Alencar Assis, coordenadora do departamento de Patrimônio Genético (CGen/MMA), e Gersem José dos Santos Luciano, coordenador-geral de Educação Escolar Indígena da Secretaria de Educação (MEC).
“No Brasil, isso está relacionado à questão do consentimento prévio e informado, e à repartição justa e equitativa dos benefícios”, disse Terezinha.
Terezinha também resgatou momentos marcantes de sua carreira, como a construção do primeiro processo formal de anuência prévia no Brasil, em meio a disputas entre instituições por acesso a recursos genéticos da floresta. Para ela, o respeito às culturas e às formas de obtenção do conhecimento tradicional é inegociável.
“A gente vem também nesse contexto dessa reflexão da ética nas relações interétnicas, que passa pela nossa relação com os nossos colegas de trabalho, com as nossas instituições, sejam públicas ou não, que contribuem para a evolução da bioeconomia”, concluiu a painelista.
“Por esse caminho do antropocentrismo, a gente tem poucas soluções; precisamos prestar atenção nos povos indígenas”, declarou o painelista Gersem José.
Nesta quinta-feira (27), o seminário segue com foco em juventudes, integração de saberes e tecnologias sociais, ampliando os horizontes para uma Amazônia que pensa e decide sua existência.