Primeiro dia do seminário internacional terá cantos sagrados, debates com lideranças da floresta e mostra de experiências bem-sucedidas da economia amazônica
O espaço do eAmazônia na Universidade Federal do Acre (Ufac) será palco da abertura do Seminário Internacional Txai Amazônia, na próxima quarta-feira (25), pela primeira vez no Acre. Com espiritualidade, ciência e ancestralidade reunidas no mesmo espaço, o evento marca o início de quatro dias de programação dedicada à valorização da sociobioeconomia e valorização da sociobiodiversidade amazônica, como vetor do desenvolvimento sustentável na região.
Nesta quarta-feira, às 7h da manhã, o público será recebido com credenciamento e uma cerimônia de boas-vindas. Às 8h30, o líder espiritual Mapu Huni Kuin conduz o ritual de abertura com rezos sagrados e a força ancestral da floresta, seguido de uma fala de boas-vindas do presidente do Instituto Sapien, Lucas Varela, e demais autoridades presentes.
“Abrir um evento como o Txai Amazônia, que vai viabilizar uma discussão de preparação para a COP30, é mais que um privilégio. É um presente, uma oportunidade, uma conquista. Há muito tempo não tínhamos a nossa voz abrindo um acontecimento tão importante”, celebra Mapu.
A cerimônia contará ainda com a presença de autoridades dos nove estados da Amazônia Legal, além de representantes do Peru e da Bolívia, reunidos para reforçar o compromisso internacional com a bioeconomia e a justiça climática.
Novos olhares
A programação da manhã segue com o painel “O olhar indígena para a construção dos conceitos de sociobiodiversidade e sociobioeconomia”, mediado por Francisca Arara, Secretária Extraordinária dos Povos Indígenas do Acre.
Na sequência, às 11h, acontece um intercâmbio cultural com a comitiva Huni Kuin do Centro Huwã Karu Yuxibu Shukutã Bari Bay, seguido pelo debate sobre o “Plano Nacional da Bioeconomia”, mediado por Marky Brito, diretor de desenvolvimento regional do Estado.
À tarde, os olhares se voltam para o potencial produtivo da floresta. Às 14h, o engenheiro florestal Marcos Rino media o painel sobre manejo madeireiro e uso do bambu amazônico como alternativa sustentável.
No mesmo horário, o público poderá conhecer de perto duas iniciativas inspiradoras com os casos de sucesso: a Amazon Biotechnology, com soluções biotecnológicas para a floresta, e a Da Tribu, empreendimento paraense que transforma borracha em arte e resistência.
Mais tarde, às 15h30, a especialista Alessandra Peres conduz uma mesa sobre instrumentos financeiros para a bioeconomia, com foco em oportunidades públicas e internacionais para serviços ambientais. Em paralelo, a mostra de casos de sucesso traz o Projeto RECA, modelo de reflorestamento comunitário, e a JL Paula JR DESIGN, que conecta inovação, produtos sustentáveis e branding com impacto positivo.
Fechando o primeiro dia, às 16h30, o painel “Bioeconomia e Agro” será mediado por Edivan Maciel, propondo uma provocação necessária: como aproximar o agronegócio de práticas sustentáveis e como a bioeconomia pode influenciar os modos de produção do campo.
Bioeconomia, gastronomia e cultura
Além dos painéis e debates, o público que circular pelo espaço do eAmazônia encontrará durante os quatro dias de evento a Mostra Cultural de Bioeconomia, um ponto de encontro entre saberes tradicionais, inovação e resistência. Expositores de toda a Amazônia Legal apresentarão biojoias, cosméticos naturais, utensílios em madeira, tecnologias sustentáveis e filtros de água potável pensados para comunidades isoladas.
A Mostra Gastronômica também promete encantar os sentidos com sabores da floresta. Receitas ancestrais, ingredientes da sociobiodiversidade e a criatividade de chefs e cozinheiras tradicionais estarão reunidas para valorizar os alimentos que nascem da terra.
E como cultura se vive com o corpo inteiro, às 15h a cantora Camila Cabeça conduz uma vivência dançante de carimbó, ritmo tradicional do Norte. Ao fim da tarde, a banda Forró no Balde leva ao palco o som do seringal, com um repertório de forró que embala a memória afetiva das comunidades ribeirinhas e urbanas do Acre.
E todos os dias, ao meio-dia, acontecerá o FestCine Originários, com produções audiovisuais que retratam a vida na floresta, por meio de uma curadoria de filmes que colocam indígenas como protagonistas. A DJ Cau Bartholo também estará presente nos quatro dias de programação, sempre a partir das 17h, com sets inspirados na ancestralidade amazônica.