Painel no Txai Amazônia promove encontro entre ciência e ancestralidade para fortalecer comunidades tradicionais

O debate propôs a integração entre universidades para fortalecer a bioeconomia da floresta

O sociólogo e pesquisador da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Acre (FAPAC), Davilson Cunha, mediou o painel “Ciência, Tecnologia e Ancestralidade: Unindo Forças para a Bioeconomia”, nesta sexta-feira, 27, no terceiro dia do Seminário Internacional Txai Amazônia. O debate reuniu especialistas para repensar os papéis da academia, da indústria e das comunidades tradicionais na construção de uma bioeconomia.

“Essa já é uma descoberta ancestral. A ciência pode somar, desenvolvendo tecnologias a partir do que já se sabe na floresta. A inovação nasce quando a gente une os dois saberes”, destacou o mediador.

Para Davilson, a ciência precisa atuar de forma complementar aos saberes ancestrais, como no caso da resina do sapo-kampô, reconhecida há anos por indígenas como um potente anestésico natural.

O painel também trouxe contribuições do indigenista Terri Aquino, referência na defesa dos direitos indígenas e na valorização da floresta como espaço de vida e sabedoria.

A CEO da 100% Amazônia, Fernanda Stefani, apontou que produtos da sociobiodiversidade amazônica só alcançam escala global quando respeitam sua origem e identidade. Já Mário Augusto Cardoso, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), chamou atenção para os desafios da política industrial e a necessidade de apoiar startups e tecnologias desenvolvidas no próprio território amazônico.

Um dos pontos centrais do debate foi a crítica à hierarquização dos saberes dentro das universidades.

“Quem está nos centros de pesquisa muitas vezes se vê como o único detentor do conhecimento, enquanto o saber tradicional é subestimado. Precisamos romper esse muro”, afirmou Davilson.

O painel “Ciência, Tecnologia e Ancestralidade: Unindo Forças para a Bioeconomia” compôs o eixo ‘Ciência, Pesquisa, Inovação e os Saberes Tradicionais Amazônicos” do Txai Amazônia.

Txai Amazônia

Realizado pelo Instituto Sapien – Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação (ICT) dedicada à pesquisa e gestão para o desenvolvimento regional –, em colaboração com o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR), o Governo do Estado do Acre, por meio das Secretarias de Estado de Povos Indígenas (SEPI), Planejamento (SEPLAN), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Acre (FAPAC) e mais de 20 instituições acreanas, o Seminário Internacional Txai Amazônia se apresenta como uma plataforma para a formulação de soluções inovadoras, integrando conhecimento técnico-científico, inovação e sabedoria ancestral.

Para conferir tudo que rolou no Txai Amazônia, acesse o site: www.txaiamazonia.com.br. Os debates dos painéis temáticos podem ser acompanhados ou reassistidos pelo canal do Instituto Sapien no YouTube.

O indigenista Terri Aquino participou do painel (Foto: Agência NEXO)

A Mostra Cultural TXAI AMAZÔNIA, realizada durante os dias do seminário, é um evento vibrante que celebra a diversidade cultural da Amazônia. Com apresentações artísticas, oficinas e exposições, este espaço é dedicado à valorização e preservação das manifestações culturais dos povos amazônicos.

A Amazônia é uma das regiões mais biodiversas e culturalmente ricas do planeta. Este vasto ecossistema desempenha um papel crucial na regulação climática global e na manutenção da biodiversidade. Nosso objetivo é promover o desenvolvimento sustentável, respeitando e valorizando as tradições e o conhecimento dos povos que habitam esta região.

A bioeconomia e a sociobiodiversidade são pilares fundamentais para um desenvolvimento sustentável na Amazônia. Este conceito evolui para incluir não apenas o uso sustentável dos recursos naturais, mas também a valorização das culturas tradicionais e do conhecimento ancestral dos povos da floresta.

O Acre foi escolhido para sediar a 1ª edição do Seminário TXAI devido ao seu compromisso com a conservação ambiental e o desenvolvimento sustentável. Este Estado, rico em biodiversidade e cultura, oferece o cenário perfeito para debatermos e construirmos juntos um futuro sustentável para a Amazônia.